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fevereiro.2017

MINIMALISMO: a arte de priorizar

Iconicamente expressado pela frase “Less is more” do arquiteto Ludwig Mies van der Rohe, o minimalismo hoje está presente em inúmeras expressões culturais e áreas do conhecimento como música, filosofia e direito; e tem sido um importante método de práticas de design para web.

O minimalismo nasceu após a Segunda-Guerra tendo como uma de suas maiores inspirações Bauhaus, a famosa escola de arte alemã, e surgiu como uma resposta ao expressionismo abstrato que ganhou bastante destaque nas artes plásticas.

Na web, o minimalismo começou a ser aplicado no início dos anos 2000 com um propósito bem parecido ao de suas origens, privilegiando a função em vez da forma. No período em que todos os sites possuíam dezenas de banners em flash e pop-ups que surgiam a todo o momento, o Google chegou apenas com uma página em branco com o logo e um campo de busca. Deu no que deu.

Apesar de ter adicionado ao seu portfólio diversos outros serviços complementares, o Google tem o seu objetivo de negócio como principal orientador das decisões de design e com o passar de quase 20 anos mantém praticamente o mesmo layout.

E o que faz do Google um bom exemplo de minimalismo? O fato de que se abriu mão de diversos elementos gráficos para priorizar o que realmente interessa estrategicamente para a marca.

O bom design minimalista não é obrigatoriamente flat, preto e branco ou com menu hambúrguer, mas sim aquele que prioriza as metas de negócio do projeto contribuindo com a experiência do usuário e muitas vezes abrindo mão de elemento visuais para privilegiar o real objetivo da plataforma.

Uma maneira de se construir um bom site minimalista é olhar para o design do seu site e voltar a pensar qual o principal propósito desta plataforma. Depois retire ou suavize tudo que não for realmente importante para o objetivo principal. Quando todo o excesso for eliminado temos um bom site minimalista. O objetivo do projeto deve estar sempre muito claro para toda a equipe envolvida, orientando o trabalho do designer e trazendo mais resultado para a marca.

Jacob Nielsen, um dos papas da usabilidade, analisou 112 sites considerados minimalista e fez um levantamento de características comuns entre eles. Algumas delas:

Moderação na escolha da paleta de cores: As cores são fundamentais para hierarquizar os elementos presentes na página e o uso de uma paleta muito extensa e mal aplicada podem comprometer a condução do usuário pela página.
Espaços negativos: Os espaços vazios funcionam como uma moldura de um quadro e é um ótimo artifício para destacar algum determinado elemento.

Texto como elemento gráfico: Texto não precisa ser apenas uma ferramenta para se transmitir algo de forma escrita, a escolha de uma boa tipografia pode ser um elemento de marca muito importante e expressar muito bem a sua personalidade, além ser fundamental para conduzir o usuário na sua navegação.

Mas, cuidado para não achar que todo design para web deve ser minimalista. Temos que considerar muito como a marca se expressa e principalmente qual o seu público, especialmente no Brasil, já que o estilo de design modernista não perdurou com tanta força por aqui.

Talvez pareça que o minimalismo é uma saída fácil para o designer. Muito pelo contrário. É um grande desafio para o profissional, pois, utilizando o mínimo de elementos gráficos, um bom design minimalista deve ser criativo, propiciar uma boa experiência em diversos dispositivos, possuir elementos de expressão de marca e nunca deve perder de vista que a finalidade disso tudo é alcançar os objetivos de negócio da empresa.