Humor na propaganda
Hoje estive no 29º Fórum de Debates, organizado pela APP Brasil em parceria com a ESPM. O tema escolhido para esta edição foi “O humor na propaganda” e o evento contou com a presença de Celso Loducca, João Livi, Valdir Bianchi e a mediação de Renato Pereira.
A principal mensagem foi: além de uma ideia bacana e divertida, a propaganda tem que ser eficiente e verdadeira em relação ao produto. Se apelar apenas para a qualidade técnica da produção, pode até fazer sucesso, mas não será muito muito eficiente.
O humor é um bom truque quando a gente tem menos argumentos funcionais para passar. É é preciso entender o momento histórico, principalmente quando analisamos algumas produções famosas.
A verdade é que, com humor, a gente consegue tocar as pessoas de um jeito que talvez com um tom sério não fosse possível.
Para João Livi, VP de Criação da Talent, humor é uma coisa seríssima, ainda mais no Brasil. “Quando o anunciante acha o produto dele tão sério e quer uma enorme sacadinha, se a agência não souber passar a mensagem pode acontecer um erro enorme. Não existe um tipo de humor e sim vários. É um traço da inteligência, uma maneira de contar seu ponto a outra pessoa e fazer com que ela pense sobre a marca. Que tipo de humor cabe na marca?”, diz ele, que é criador de inúmeras campanhas recentes de sucesso no Brasil, como “Pergunta lá no Posto Ipiranga” e “Tem Net e tem Tipo Net”.
Já Valdir Bianchi, VP de Criação da Mood, lembrou os programas “Chaves” e “Trapalhões” que, para ele, antes passavam na TV e hoje nem sairiam da agência. “O que mudou no politicamente correto?”, perguntou.
Para ele, é tudo reflexo de uma época. Como por exemplo:
Nudez: “o pudor mudou”.
Bullying: “onde termina o humor, começa o bullying. Nas mídias sociais as pessoas começaram a se defender”.
Criança dirigindo: “hoje as coisas são mais perigosas quando se fala de criança”.
Marchismo x feminismo, sexo explícito, palavrão, álcool, redes sociais: “sempre alguém pode se ofender”.
“Ultimamente, no mundo inteiro, as marcas têm se comportado com humor de forma diferente, humor sutil, melancólico, politicamente correto. As marcas hoje buscam experiência e uma causa. Está muito perigoso fazer humor hoje em dia. A tecnologia esta em alta e o humor em baixa. Mas o humor é sempre o melhor remédio, sempre vai continuar existindo, vai dar para driblar o politicamente correto e aproveitar as mídias sociais para viralizar”, diz.
Podemos “classificar” o humor da seguinte maneira:
1) humor negro – aquele que comenta as coisas que dão errado na vida, como morte, azar, doença. Mas é preciso cuidado para que não seja de “mal gosto”.
2) Pastelão – bastante popular e geralmente com uma representação física.
3) Bordão – Estratégico, pensado para estar na boca do povo. Há técnicas para ser feito.
4) Sátira – Critica as instituiçõs positivas e negativas, as coisas que irritam as pessoas.
5) Humor fino – Pressupõe que o público tenha informação prévia sobre o assunto, por omite uma parte para que a pessoa do outro lado se sinta “inteligente”.
6) Autohumor – Autodepreciativo, arma difícil de usar, mas que pode impressionar. É preciso verdade, mas também se levar menos a serio.
7) Politicamente correto – Fala para todos os públicos. É sadio, sem atingir ninguém, quase inocente.
8) Nonsense – Não precisa ter muito sentido. Mas, dentro da regra estabelecida, tem que fazer sentido.
9) Sarcastico – Ofensivo, procura dar relevo a uma fraqueza do outro. Feito com bom humor, fica leve. Bem usado, é uma maneira de “falar mal” do concorrente.
10) Ironia – Você parte de uma característica da outra pessoa para desvalorizar o mesmo ponto. Afirmar o que o outro está dizendo, de uma maneira que desfaça o que ele está dizendo.
Humor não é só piada. Ele pode tênue, crítico, ácido. “Rir com o cérebro”, disseram os convidados, que ressaltaram ainda que peças emocionais podem conter humor.